terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dias de chuva, dias de sol.

Sempre achei que o Sertao tivesse uma beleza unica. Sua cor amarelada, dançando diante de nossos olhos, era apenas a certeza de dias verdes, em um único sopro de chuva. Foi neste cenário que vivi meus melhores dias.

Os dias chuvosos nunca foram tormentos, e sim alegria. Lembro dos sorrisos e dos pés lameados, quando corríamos. Os olhares atentos dos pais, prevenindo que o açude ao lado não era permitido. Não para mim, nem para Lu. Jacque, nas raras vezes que também ia, fazia a festa. Era a sorte de já ser moça grande.

Nos dias de sol. ou seja, quase todos, nossa diversão era a sombra do pé de figo. As raizes expostas pelo tempo servia muito bem para nossas fantasias: Ora era a cama de nossas bonecas, ora era a garagem de nossos caminhões, carregados de bois e terra.

Quando ja maior, a alegria era a casa iluminada através das janelas abertas, Raul já nos advertindo de que há tantas estrelas por aí. Hoje, até peço ao moço do disco que também me leve. Mas nessa época, o céu estrelado não era só bonito, era aterrorizante. Já pensou se naquela imensidão o tal disco aparecesse? Tremia só em pensar. Me refugiava olhando as telhas, dentro de casa eles não poderiam me ver, estava salva. Funcionou!